“A viola amarantina é uma mais valia enquanto instrumento musical e poderia haver um programa público para promover o seu ensino. Em tempos, a Associação Propagode propôs à Câmara de Amarante que fosse ensinada nas escolas do concelho em termos extra-curriculares, nas AEC, mas a nossa proposta não foi acolhida”, lamenta Cândido Costa.
Cândido Costa “descobriu” a viola amarantina, por acaso, em 2009. O instrumento, segundo ele, já existia “noutras paragens”, mas era desconhecido, ou, pelo menos, não era utilizada em Amarante.
Foi durante uma visita a um construtor de violas, em Felgueiras, a quem havia feito a encomenda de um bandolim para a filha, que integrava a Tuna de Gondar, que Cândido reparou numa viola, a um canto da oficina, tendo questionado Faria Vieira sobre que instrumento era aquele e recebido como resposta que se tratava de uma viola amarantina.
Curioso, experimentou-a, dedilhou-lhe as cordas, gostou do seu desempenho e comprou-a. “E foi assim que nasceu o Propagode, diz. Eu havia integrado, com outros elementos, nos anos 90, um grupo que estávamos a tentar reativar, que tinha executantes de viola braguesa, mas rapidamente adotámos a viola amarantina. Levámo-la para a sede da Associação, em Sanche, e não tardou que começassem a aparecer pessoas interessadas em aprender o instrumento”.
E, durante alguns anos, todas as sextas-feiras, houve, em Sanche, formação em viola amarantina. Tratava-se de um “ensino informal”, sem marcação ou inscrição prévia. As pessoas apareciam e, quer Cândido, quer Eduardo Costa, iam-nas iniciando na viola, usando as várias que o Propagode havia comprado com os cachês das primeiras atuações.

Professor do primeiro ciclo na Escola Básica (EB) do Marão, Cândido Costa decidiu, em 2013, ensinar os seus alunos a tocar viola amarantina, no âmbito da área de Educação Artística. E de tal modo os motivou, que o grupo que havia iniciado a aprendizagem do instrumento se manteve inalterado até ao oitavo ano. Neste processo de divulgação da viola amarantina na EB do Marão entrou, também, Eduardo Costa, que aproveitava o intervalo entre os períodos de aulas da manhã e da tarde para dinamizar o “Clube da Viola”.
A pandemia e os confinamentos a que obrigou, viria, refere o docente, a provocar um hiato e um natural esmorecimento que afastou os alunos das aulas de viola amarantina.
Em 2021, porém, foi criado, na escola, o Projeto “Som dos Corações”, a que aderiu, também, o Professor Rui Fernandes, e os alunos daquele estabelecimento de ensino voltaram a ter oportunidade de aprender a tocar viola amarantina, dispondo já então, de 13 instrumentos oferecidos pela Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa.
“A viola amarantina é uma mais valia enquanto instrumento musical e poderia haver um programa público para promover o seu ensino. Em tempos, a Associação Propagode propôs à Câmara de Amarante que fosse ensinada nas escolas do concelho em termos extra-curriculares, nas AEC, mas a nossa proposta não foi acolhida”, conclui Cândido Costa.