Gondar: caminhos de História e Natureza

Casa do Ribeiro, em Ovelhinha (Foto AM).

Situada na encosta norte da serra do Marão, a freguesia de Gondar deve a sua toponímia a Dom Mem Gundar que, no século XII, ali fundou o mosteiro beneditino que deu origem à povoação.

Este templo foi o centro da vida económica, religiosa e social da região durante séculos, até ser extinto e secularizado, em 1455. A antiga igreja deste mosteiro permanece como ex-líbris da freguesia e testemunho da sua longa história e tradição.

Perto deste importante conjunto arquitetónico, existem ainda os lagares do Tapado e de Aldeia que atestam o longo historial da produção de vinho, neste território.

Mas Gondar tem muito mais para oferecer aos visitantes que procuram conhecer o seu património, gentes e paisagem.

Na Igreja Matriz, construída no início do século XX, guardam-se obras de arte de grande valor, como um retábulo barroco e uma escultura gótica de Nossa Senhora.

Pormenor da aldeia de Ovelhinha, onde terá nascido o pão de Padronelo (Foto AM).

Perto do lugar de Vilela, onde existem vestígios de uma “villa” romana, encontra-se o Museu Rural do Marão, onde se pode apreciar uma vasta coleção de objetos relacionados com a vida rural da comunidade.

Neste lugar encontram-se também a Capela e Casa do Encontro, um conjunto arquitetónico propriedade da família Pascoaes, localizado junto ao rio Carneiro.

Na margem esquerda deste curso de água, encontra-se a antiga estrada Pombalina, via histórica que ligou o Porto à Régua e que integra hoje o Caminho de Santiago.

Já do centro da malha urbana da freguesia, o lugar de Larim destaca-se pela sua praia fluvial, parque de merendas e piscina, bem como a porta de entrada para o que, talvez, seja o segredo mais bem escondido de Gondar: o antigo povoado de Ovelhinha.

Nesta povoação carregada de história e classificada como Aldeia de Portugal, encontram-se os Paços do extinto Concelho de Gestaço, destruídos parcialmente durante as invasões napoleónicas, no século XIX, bem como as capelas da Senhora do Carmo e de Santo Amaro.

Entre os seus muitos atrativos desta terra de rios, é aqui que se acredita que nasceu o pão de trigo de quatro cantos, atualmente conhecido por Pão de Padronelo.

Por falar de rios, Gondar também é uma terra marcada pelos cursos de água, que potenciaram a vida comunitária em diversas vertentes.

Ao longo das suas margens podem-se apreciar algumas das mais belas paisagens naturais de Amarante bem como desfrutar das suas águas límpidas, em lugares “secretos” como o Poço do Afonso, no rio Ovelha.

Por todo o território persistem, ainda, vestígios do caráter fortemente rural deste território, outrora terra de agricultores e oleiros, como pode ser apreciado nos lugares do Rio e do Outeirinho, nas margens do rio Carneiro.

A olaria do barro negro marca a cultura de Gondar (Foto AM).

Gondar também contribui, à sua maneira, para a “paisagem humana” do concelho, sendo terra de várias personalidades “amarantinas”. Por exemplo, nesta edição de AMARANTE MAGAZINE, debruçamo-nos sobre a vida de Manuel do Carmo Mota e Costa, importante compositor, músico e maestro aqui nascido.

Por outro lado, a olaria do barro negro, arte e ofício que projetou o nome de Gondar em todo o norte de Portugal, no século passado, persiste ainda hoje, pelas mãos e roda de um único artesão local, César Teixeira (v. edição no. 36 – 2019 da AMARANTE MAGAZINE).

É também em Gondar que se acredita ser onde “nasceu” a versátil viola amarantina, encontrando-se aqui o seu único construtor, António Silva (v. edição 33 – 2017 de AMARANTE MAGAZINE).

Nota: este artigo foi publicado originalmente na edição em papel número 38 da revista AMARANTE MAGAZINE (Inverno 2024).

CONTINUAR A LER

Deixe um Comentário

Pode Também Gostar