Recuperação da Igreja de S. Gonçalo: cumpriu-se o sonho

Padre José Manuel Ferreira (Footo AM).

Recupera-se, aqui, uma peça inicialmente publicada na revista UNIÃO, editada pela União de Freguesias de Amarante. Nela se fazia, em março de 2021, a antevisão das obras de requalificação da Igreja de S. Gonçalo com base numa conversa com um dos principais protagonistas da “empreitada”: o Padre José Manuel Ferreira.

Quando chegou a Amarante, em 2008, o Padre José Manuel Ferreira tinha 28 anos e muita vontade de cumprir, com zelo, a missão que lhe havia sido atribuída por D. Manuel Clemente, então bispo do Porto. Numa palavra, evangelizar.

Doze anos depois, em setembro do ano passado, quando fez 40 anos, viu iniciarem-se as obras de restauro da Igreja de S. Gonçalo, porventura o ponto mais alto do seu ministério em Amarante, depois de haver promovido, já, a recuperação da Igrejas de S. Domingos e de S. Pedro. Sobretudo nesta, a intervenção feita resultou num trabalho notável de valorização do templo.

O sonho de se avançar com a recuperação e restauro da Igreja de S. Gonçalo começou há cinco anos no interior da Fábrica da Igreja, a que, por inerência, preside o padre José Manuel Ferreira, que encontrou nos restantes membros, designadamente do Conselho Económico, a motivação bastante para se avançar com a obra, cujo projeto haveria de receber o nome de “Reabilitação, Conservação e Restauro da Igreja e Claustro do Convento de S. Gonçalo de Amarante”.

A Igreja do Convento de S. Gonçalo tem cerca de 500 anos (é monumento Nacional desde 1910) e não se lhe conhecem significativas intervenções de manutenção. Nem mesmo depois de o Estado dela ter tomado posse, em 1919. Desde então, apenas e pontualmente, se registaram pequenas obras no telhado, com o propósito de impedir a infiltração de humidade, principal inimiga da conservação do templo e do seu valiosíssimo espólio.

É exatamente a este nível, o da humidade, que a intervenção em curso terá uma das suas maiores expressões, com obras ao nível do telhado do templo, mas também no pavimento, onde as humidades ascendentes se fazem sentir. Em conjugação, será revista a ventilação interior, com a selagem de todas as portadas, com o intuito de não permitirem a entrada de aragens, e criar-se-á uma caixa de ar no pavimento, para ser possível a sua ventilação.

Destes trabalhos resultará uma menor amplitude térmica no interior da Igreja, com uma atmosfera menos agressiva, mais saudável e com resultados ao nível do conforto dos seus utentes e visitantes, para além de serem evidentes os reflexos que terá na conservação do seu património artístico.

A Igreja de S. Gonçalo irá ter, também, uma nova instalação elétrica (a que existia estava obsoleta e representava mesmo risco de incêndio) e de áudio; nova iluminação, com recurso a tecnologia led; será dotada de alarmes (de intrusão e incêndio) e de videovigilância, bem como de dispositivos eletrónicos de contagem de visitantes. Todos os equipamentos que serão instalados ficarão ocultos, por questões estéticas e funcionais, mas também para obstar a que quem entre no templo se distraia ou disperse a sua atenção, concentrando-se, antes, no seu património artístico.

A propósito da contagem de visitantes, as estimativas existentes apontam para que, antes da intervenção, a Igreja de S. Gonçalo recebesse 60 mil visitantes/turistas por ano. Depois de renovada, e atendendo a que é monumento-âncora do turismo religioso no norte do país, aponta-se para que aquele número cresça para o dobro (120 mil).

Investimento ascende a mais de 2,2 milhões de euros

Com a vertente turística muito presente em todo o projeto de reabilitação e restauro, e com o propósito de melhorar e simplificar as experiências dos turistas, será usada tecnologia moderna nas visitas à Igreja de S. Gonçalo. 

Em vez dos “velhos” áudio-guias, serão utilizadas aplicações digitais que os visitantes poderão descarregar para os seus smartphones. Essas aplicações guiá-los-ão pelos quatro roteiros desenhados no interior do monumento, que mostrarão a sua evolução arquitetónica; as vertentes cultural, artística e devocional, para além dos espaços e capelas de S. Gonçalo.

Concluídas as obras, a “nova” Igreja de S. Gonçalo terá restaurado todo o seu recheio artístico, as capelas laterais e de S. Gonçalo (a tumular e a do “S. Gonçalo da corda”) e apresentará, devidamente valorizado, o seu novo espaço litúrgico, que compreenderá a colocação de novos elementos: o altar, o ambão e a cadeira, concebidos e desenhados pelo escultor Paulo Neves.

E, quando no início de 2022 abrir portas, terão ali sido investidos 2,2 milhões de euros, 1,25 dos quais constituirão cofinanciamento do Programa Norte 2020. Entidades como o Município de Amarante (parceiro público da candidatura elaborada pela Paróquia), a Fundação Manuel António da Mota e a União das Freguesias de Amarante (S. Gonçalo), Madalena, Cepelos e Gatão, com valores diferentes, são contribuintes para o projeto. 

Para cobrir a totalidade dos custos, a Paróquia contraiu um empréstimo bancário e tem vindo a sensibilizar empresas e cidadãos para ajudarem nesta vultuosa empreitada.

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