O Douro Verde como um destino turístico.

A cinquenta quilómetros e meia-hora da cidade do Porto e da sua área metropolitana está um território cruzado pelo rio português de maior expressão internacional, o rio Douro, um rico e diversificado património natural, constituído pelas serras da Aboboreira, Marão e Montemuro e rios que acompanham os vales profundos; uma história de afirmação que remonta aos primeiros anos da nacionalidade e uma gastronomia que jamais se esquece. Esse território é o Douro Verde, um espaço turístico de excelência.

A par do conjunto das potencialidades, este é também um território caraterizado pelas debilidades que acompanham os espaços de baixa densidade, onde verificamos índices de desenvolvimento económico e social comparativamente baixos e necessitados de intervenção. Neste ponto, entre outras intervenções possíveis surge o fomento do turismo como forma de promoção do desenvolvimento, com atração de investimento, criação de riqueza e emprego, numa lógica de sustentabilidade económica, de utilização dos recursos naturais e históricos e aposta na diferenciação, na qualidade e na qualificação.

Sendo um percurso longo, a afirmação deste território turístico foi já iniciada. A estratégia de desenvolvimento local apresentada pela Dolmen vem recolhendo a progressiva aposta de investidores e promotores no aumento da oferta de alojamento, de animação e de restauração, principais fatores de atração de turistas e efetiva oportunidade para desenvolvimento de negócios. É a estratégia da Dolmen, portanto, um instrumento partilhado e aplicado pelos diversos atores.

Simultaneamente, vem ocorrendo a qualificação do território com a criação de infraestruturas de apoio ao turismo de natureza, procurado por públicos nacionais e internacionais, com destaque para os turistas do norte da Europa, aos desportos de natureza e provas desportivas inseridas nos espaços de montanha que atraem milhares de praticantes, por exemplo.

Este tem sido um investimento feito pelas instituições que reconhecem a necessidade de qualificação e apoio a turistas e o desenvolvimento de novas áreas ou segmentos turísticos, num trabalho conjunto e em rede, com capacidade de atuação em comum, que ficou patente recentemente, através da aprovação do projeto “Vivenciar Montemuro” da responsabilidade conjunta da Dolmen, do Município de Cinfães e do Município de Resende, o qual prevê a criação de percursos pedestres e infraestruturas de apoio aos desportos de natureza, de aventura e observação, assim como o desenvolvimento de meios tecnológicos como suporte de apoio e informação sobre a serra de Montemuro.

Ainda quanto a este esforço conjunto das instituições do território importa referir um outro espaço de natureza de excelência do Douro Verde, a serra da Aboboreira, de enorme riqueza natural e patrimonial, sobre a qual incide o trabalho que está a ser desenvolvido para o seu reconhecimento enquanto Paisagem Protegida Regional, projeto este liderado pela Associação de Municípios do Baixo Tâmega (AMBT).

Refira-se também o projeto “Rotas, Percursos e Paisagens Milenares”, que visou a criação de um grande complexo de percursos BTT e de Downhill, que totaliza mais de seiscentos quilómetros, acrescidos de quatro centros de BTT, distribuídos pelos concelhos de Amarante, Baião, Celorico de Basto e Marco de Canaveses, num projeto liderado pela AMBT, em que a Dólmen é parceira. Esta intervenção em particular é exemplar para a descrição e compreensão das oportunidades que as serras do Douro Verde nos disponibilizam na sua capacidade de atração de turistas e potenciador de iniciativa económica, consubstanciando o conceito de economia de montanha, a ser estendido à serra do Marão, cujos municípios onde se implanta deram os primeiros passos para a dinamização do turismo de natureza, num plano que tem repercussões no combate aos incêndios, no ordenamento florestal e na própria produção florestal.

A noção de segmentação dos mercados turísticos é cada vez mais determinante para a estruturação da uma oferta. Isto é, a procura turística deve refletir a forma diferenciada como os turistas olham para os seus momentos de lazer e fazem a sua escolha, seja pelo usufruto da natureza e da paisagem, seja pelas atividades culturais de descoberta da história e do património arquitetónico, seja pelo fator religioso, seja ainda pela descoberta do vinho ou pela gastronomia.

É esta perspetiva que o Douro Verde prosseguirá: olhar para os seus recursos e apostar neles, dar a conhecer a quem nos visita as serras da Aboboreira, Marão e Montemuro, o rio Douro e o rio Tâmega, apresentar escritores como Eça de Queiroz, Teixeira de Pascoaes e Agustina Bessa-Luís, pintores como Amadeo de Souza-Cardoso, artistas como Carmen Miranda, abrir à visitação monumentos arquitetónicos que vão desde o Dolmen de Chã de Parada, ao românico, ao barroco, até à arquitetura moderna de Siza Vieira, da Igreja de Santa Maria, no Marco de Canaveses, partir à descoberta dos tão peculiares vinhos verdes da região, que em si são companhia ideal para os pratos gastronómicos do Douro Verde.

Este é um momento excecional para o turismo nacional. É amplamente reconhecido que “Portugal está na moda” e sob o olhar dos turistas, cada vez mais ansiosos por conhecerem Lisboa, Porto e o Algarve, numa procura com crescimentos anuais superiores a dois dígitos. Este facto constitui para o Douro Verde uma oportunidade única e que estamos dispostos a agarrar. Primeiro olhando para a proximidade à cidade do Porto, atraindo quem lá chega e captando os turistas que saem no Aeroporto Francisco Sá Carneiro e no Terminal de Cruzeiros de Leixões; em segundo lugar, estabelecendo as parcerias necessárias para canalizar os turistas, sejam eles estrangeiros ou nacionais, nomeadamente os da área metropolitana do Porto que são, na globalidade, mais de dois milhões.

Assim, é necessário que o Douro Verde seja capaz de se apresentar no Porto e na sua área metropolitana, valorizando e aprofundando a relação que é possível estabelecer com o Douro Urbano, trabalhando a relação com o Douro Vinhateiro e Superior, explorando as potencialidades que nos apresenta o Duero espanhol, com resultados óbvios na afirmação entre os fluxos turísticos. Contudo, também se justifica a presença do Douro Verde em Lisboa, cidade onde há, porventura, o maior número de nacionalidades em circulação no nosso país.

O trabalho de qualificação e promoção da oferta turística é, em si, também um desafio e o posicionamento enquanto região turística de qualidade é aquele que garante a sustentabilidade futura do destino e o seu crescimento sólido. O foco na qualificação profissional em áreas como o atendimento e o domínio de idiomas estrangeiros é decisivo.

Por outro lado, a presença em certames nacionais e internacionais representa um esforço na promoção dos destinos turísticos e, no caso do Douro Verde, são visíveis os resultados destas escolhas. A presença consecutiva da Dolmen e do Douro Verde em eventos na cidade de Vigo reflete-se já na presença de muitos turistas daquela zona da Galiza neste território, atraídos pelas paisagens, pelos produtos locais que levamos e são experimentados e, claro está, pela proximidade. Esta postura deverá ser reforçada com um posicionamento comum num esforço conjunto das entidades públicas e privadas do território, até porque a força do conjunto é maior que a soma das partes.

 

Telmo Pinto, diretor da Dolmen

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