Rota do Românico pode ser complemento à cidade do Porto

Estilo Românico (Foto: AM)

As justificadas distinções que a cidade do Porto tem vindo a acumular nos últimos anos, constituem igualmente uma oportunidade que deverá ser aproveitada pela restante região norte, incluindo a Rota do Românico e o seu território de influência, para se afirmar definitivamente como um destino turístico de excelência.

Esta estratégia de afirmação deverá assentar na qualidade e diversidade de alguns produtos de clara diferenciação: a gastronomia, os vinhos, as city/short breaks, a natureza e, claro, o touring cultural e paisagístico, onde a Rota do Românico se insere.

Se a notoriedade e os méritos da atividade turística na cidade do Porto, à semelhança de outras cidades europeias como Lisboa ou Barcelona, são inegáveis (na dinâmica hoteleira e da restauração, na reabilitação urbana, no emprego…), nos últimos tempos começam a despontar também os primeiros efeitos negativos, traduzidos ao nível da especulação imobiliária, da pressão para a saída da população autóctone, do excesso de visitantes e da saturação de alguns locais…

Deste modo, esta potencial sobrecarga turística tornará, praticamente, inevitável a seleção de outros destinos e recursos turísticos, situados quer na proximidade da cidade Invicta, quer do aeroporto Francisco Sá Carneiro e do novo terminal de cruzeiros do Porto de Leixões.

Deste modo, tendo em conta a localização próxima da Rota do Românico, a sua privilegiada acessibilidade aos locais referidos de chegada dos visitantes e o facto de se apresentar, já hoje, como um projeto turístico-cultural devidamente estruturado e reconhecido, estão reunidas as condições para que a Rota do Românico se afirme como um claro complemento aos fluxos turísticos oriundos da cidade do Porto.

Refira-se, igualmente, que algumas das principais orientações da estratégia nacional para o turismo, definidas para o horizonte 2027, apostam precisamente na diversificação dos produtos estratégicos e dos destinos; no investimento e promoção das áreas mais interiores de forma a retirar pressão sobre o litoral e os saturados centros urbanos; e no combate à sazonalidade que tanto caracteriza o turismo nacional (a que o património cultural e natural da Rota do Românico poderá responder na perfeição), com benéficas implicações na sustentabilidade económica e ambiental.

A Rota do Românico, de forma autónoma ou em parceria com outras entidades (como a entidade regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal, os municípios e alguns operadores turísticos), tem vindo a apostar em diversos contactos institucionais e ações promocionais, nomeadamente junto de operadores turísticos, no aeroporto e junto da adminstração do Porto de Leixões, com o objetivo de se perfilar e iniciarem a operacionalização, a breve prazo, como um crescente destino complementar ao Porto.

Turismo com motivações culturais tem aumentado

Os turistas e visitantes que se deslocam com motivações culturais e paisagísticas têm registado, a nível internacional e nacional, um crescimento acentuado nos últimos anos.

A Rota do Românico não tem passado ao lado desta tendência, sendo que, entre 2008 e 2017, foram já mais de 100.000 os visitantes registados, não incluindo todos aqueles – e serão muitos, face aos testemunhos recolhidos – que têm conhecido a Rota e o seu território de uma forma livre e autónoma. 

As manifestações de interesse em se associar à Rota do Românico por parte de operadores e agentes turísticos, muitas delas já materializadas em programas de visita, refletem igualmente o crescimento do interesse (e da procura) pelo turismo cultural. 

A integração, em dezembro de 2009, na TRANSROMANICA, uma rede europeia de património românico (classificada como “Grande Itinerário Cultural do Conselho da Europa“), tem vindo a contribuir, paulatinamente, também para o reconhecimento internacional da Rota do Românico, com reflexos no número de visitantes.

A contínua aposta da Rota do Românico na criação de condições para o acolhimento e apoio aos visitantes registará, durante este ano de 2017, dois grandes momentos, através da previsível abertura e dinamização do Centro de Interpretação do Românico, na vila de Lousada, e do Centro de Interpretação da Escultura Românica, em Abragão, Penafiel.

Estes novos equipamentos culturais e pedagógicos contribuirão, certamente, para uma melhor compreensão da arte românica nas suas diversas expressões, bem como fatores para o crescimento da procura turística do destino “Rota do Românico”.

Turista-tipo da RR é exigente

Os recentes levantamentos e estudos realizados, incluindo alguns de natureza académica, permitem-nos traçar, com relativa segurança, o perfil do visitante da Rota do Românico. Este turista desloca-se por motivações culturais, manifestando um comportamento de respeito e admiração pelo património histórico-cultural e pela comunidade local.

São exigentes na qualidade dos espaços e serviços prestados. Têm idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos, e os 50 e 65 anos. Regra geral, são casados e com disponibilidade para viajar. Possuem um rendimento económico familiar médio ou alto. É um turista bastante informado, que programa a sua visita através da Internet. A maioria é portuguesa, com residência no Norte do País, e viaja essencialmente em família. 

É um turista com um nível de escolaridade elevado, geralmente licenciado, empregado por conta de outrem.Tem como principal motivação conhecer a gastronomia, a história e os locais de interesse patrimonial.

A taxa média de permanência é de 2,5 noites em hotéis e de 1,5 noites em unidades de Turismo no Espaço Rural.

 

Rosário Correia Machado, diretora da Rota do Românico

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