Exploração turística do Mosteiro de Travanca vai a concurso

Mosteiro de Travanca © 2018

O Mosteiro de São Salvador de Travanca, em Amarante, está no centro de um concurso lançado no âmbito do  programa Revive que visa a sua recuperação e concessão para fins turísticos, anunciou, na sexta-feira, o Ministério da Economia.

De acordo com um comunicado publicado no portal do Governo,  os interessados na recuperação deste mosteiro românico beneditino, fundado no século XII, podem apresentar propostas até ao dia 21 de novembro.

No âmbito deste concurso, o Estado procura um ou mais interessados em explorar as instalações do Mosteiro de Travanca – onde funcionou um hospital psiquiátrico até 2004 – por um período de 50 anos.

O caderno de encargos do concurso estipula como valor mínimo de renda anual 51.600 euros e calcula que se possam instalar 60 quartos nos 4.248,96 m² de área bruta de construção.

O Mosteiro de São Salvador de Travanca é um dos 33 imóveis abrangidos pela primeira fase do Programa REVIVE. Atualmente, estão, ainda, abertos os concursos para apresentação de propostas para a concessão do Mosteiro de Lorvão, em Penacova, do Castelo de Vila Nova de Cerveira e do Forte da Ínsua, em Caminha.

O Revive é um programa conjunto dos Ministérios da Economia, Cultura e Finanças que visa valorizar e recuperar património sem uso, promovendo a atratividade dos destinos regionais.

Uma das mais notáveis obras do Românico na região

Mosteiro de Travanca © Paulo Alexandre Teixeira 2019

Fundado em meados do século XI por Garcia Moniz, o complexo arquitetónico do Mosteiro de Salvador de Travanca é considerado uma das mais notáveis obras do Românico em todo o vale do Sousa. Este empreendimento viria a ter grande relevância nos planos político, social e económico desta região, quer pelas suas doações quer pela zelosa administração dos seus bens.

É uma das mais antigas edificações românicas locais e precedente ao crescimento populacional no território, na Idade Média. O conjunto monástico (mosteiro, torre e igreja) está classificado como Monumento Nacional desde janeiro de 1916.

O complexo carateriza-se por diversas particularidades, nomeadamente a igreja, fundada no séc. XIII, composta por três naves (um dos poucos exemplos em território nacional) e uma imponente torre defensiva, a primeira de duas que existem no concelho (a segunda está em Freixo de Baixo).

Apesar de grande riqueza de espólio arquitetónico e artístico, tanto no interior como no exterior da igreja, a torre de Travanca (datada do séc. XIV) é o elemento que mais atenção tem captado entre os investigadores da arte românica. Evidentemente de desígnio militar, serviria também a função de “projetar”, num plano puramente simbólico, o domínio senhorial sobre toda a região.

Do esplendor ao declínio e à recuperação

Mosteiro de Travanca – © Paulo Alexandre Teixeira 2019

À semelhança de muitos mosteiros da época, o complexo de Salvador de Travanca é abandonado, em 1834, pela Ordem Beneditina na sequência de políticas liberais do Marquês de Pombal, que ditaram a extinção das ordens monásticas. Anteriormente, o mosteiro teria vivido outro período de decadência, em finais do século XV, quando monges Comendatários substituíram os abades eleitos pela comunidade.

Votado ao abandono e à consequente profunda degradação – em que “nem as telhas escaparam”, segundo relatos da época – só começaria a recuperar em finais dos anos 30, graças a uma intervenção da então Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Com as obras concluídas em 1939, o amplo complexo arquitetónico assumiria, então, novas funções, nomeadamente como dependência hospitalar, que ali funcionou durante 50 anos. Adicionalmente, serviu a comunidade local como cadeia e escola onde muitos dos habitantes de Travanca aprenderam a ler e a escrever.

Em 2010, é integrado na Rota do Românico e entre 2013-2014 é alvo de nova e mais recente intervenção, nomeadamente na conservação de pavimentos, coberturas, escadas e mobiliário da igreja, entre outros.

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