União das Freguesias de Amarante: Orçamento para 2021 mantém apostas na Cultura

A festa do Livro regressa depois de dois anos de interregno (Foto de J. Carvalho)

É normal uma Junta de freguesia promover um Prémio de Literatura? E uma festa do Livro? E co-organizar um Prémio Nacional de Fotografia? Normal será, mas é raro. Geralmente as preocupações dos autarcas vão para outras áreas, que não as da Cultura, sejam quais forem as razões. Não é exatamente assim na União das Freguesias de Amarante.

A União das Freguesias (UF) de Amarante (S. Gonçalo, Cepelos, Madalena e Gatão) parece ser um caso singular no país, no que se refere à organização e apoio a atividades culturais, sendo que os dois maiores eventos de sua iniciativa se cruzam também com a área da Educação.

Quem, minimamente atento, vivendo ou não em Amarante, siga o trabalho daquela UF, facilmente constatará a singularidade a que aludimos, ante iniciativas como a Festa do Livro ou o Prémio de Literatura Infantojuvenil, ambos de periodicidade anual. E concluirá, também, da interpretação que o Executivo da autarquia faz da palavra Cultura, cujo conceito remete para o plural, valorizando de igual forma o que, em termos de tradições, vivências ou idiossincrasias une ou diferencia as quatro antigas freguesias, que desde 2013 constituem uma única unidade administrativa.

Isto é patente nas marchas populares com que a UF de Amarante participa nas Festas de S. Gonçalo, e que envolvem coletividades das quatro antigas freguesias; nas caminhadas e rotas (com trajetos e momentos que remetem para as culturas locais), nas festas populares e outros eventos.

A propósito de rotas, refira-se, entre as quatro que anualmente têm lugar, a “Rota das Adegas”, inserida na Feira das Tasquinhas, realizada em Gatão, no Centro Interpretativo do Vinho Verde, cujo percurso inclui quintas e adegas de produtores locais. Tendo a produção vinícola, em Gatão, uma importância crescente na economia daquela antiga freguesia, a rota, virada para o exterior, ainda que com inscrições limitadas, configura-se como um importante instrumento de promoção local, que nenhum plano de marketing territorial desdenharia.

Cultura e Educação contempladas com 25% do Orçamento

A UF de Amarante aprovou já o seu Plano de Atividades e Orçamento para 2021 e é sem surpresa que lá aparecem contempladas iniciativas que, há vários anos, marcam a agenda cultural de quem habita o território daquela UF: A Festa do Livro, que se realiza desde 2014 e cuja abertura coincide com a celebração do Dia Mundial do Livro (em 2021 será a 23 de abril); O Prémio de Literatura InfantoJuvenil Ilídio Sardoeira, aberto a todo o espaço lusófono, que em 2021 terá a terceira edição; e, por exemplo, o Prémio de Fotografia “ilustre Amarantino” (em 2021 dedicado a António Cândido), uma parceria da UF de Amarante com a Associação para a Criação do Museu Eduardo Teixeira Pinto.

A Festa do Livro tem como público preferencial as escolas de Amarante, mas abre-se também a públicos não escolares de outros escalões etários e, em edições anteriores, contou com a participação de músicos como Manuel Freire, Pedro Barroso e Carlos Mendes e de escritores como António Mota, Anabela Borges, Lourenço Baldaque, João Manuel Ribeiro ou Daniel Completo.

Do valor global do Orçamento da UF de Amarante (465 000 euros), 25 por cento são dedicados à Cultura e Educação, o que não deixa de impressionar, sabendo-se que 47 por cento são destinados a despesas com pessoal, cobrindo vencimentos de funcionários das equipas com funções em cada uma das antigas freguesias.

É certo que três das antigas freguesias (Amarante-S.Gonçalo, Cepelos e Madalena) integram a área urbana da cidade, onde as necessidades básicas das populações estão satisfeitas, e apenas Gatão, pela sua ruralidade e menor índice de desenvolvimento, exige investimentos de alguma monta em acessibilidades e outras áreas primárias.

Este facto permite alguma folga ao Executivo da UF de Amarante para investimentos imateriais, mas não explica tudo. O facto de o seu Presidente, Joaquim Pinheiro, ser professor (e bibliotecário num agrupamento de escolas) e ter uma natural sensibilidade para a Cultura e Educação determinam, por certo, a atenção que é dada a estes setores. 

O próprio assim o reconhece, tendo dito a AMARANTE MAGAZINE que “a docência e a sua ligação, desde muito cedo, a movimentos de jovens, influenciaram, sem dúvida, as minhas opções enquanto autarca”. E recordou os seus primeiros anos de professor (cuja profissão iniciou em 1985), “a dar aulas em aldeias recônditas, através da telescola, onde não chegavam livros e não havia acesso a bens culturais”.

Joaquim Pinheiro anuncia novo Centro Escolar

Na reunião da Assembleia de Freguesia em que foi aprovado o Orçamento para 2021, Joaquim Pinheiro anunciou para o próximo ano o início da construção do Centro Escolar que vai acolher os alunos do 1º ciclo do ensino básico das freguesias de Cepelos, Lomba e Salvador e que ficará situado na fronteira das duas primeiras.

A construção desta escola, que deverá ser frequentada por 120 alunos, era um desejo com, pelo menos, 12 anos, mas só agora foi possível reunir o consenso das três freguesias quanto à sua localização.

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