Amarante está em obras

A obra de maior valor é a da recuperação do Cineteatro de Amarante, que custa 4,8 milhões de euros.

O final dos ciclos eleitorais e o aproximar de novos costuma trazer prendas para os eleitores e população em geral que, conforme os casos, vêem, geralmente, melhorada a sua qualidade de vida, seja porque passam a dispôr de mais um equipamento de saúde, de uma escola, de uma estrada ou, simplesmente, de um fontanário. 

É por isso que, com alguma ironia, há quem diga que deveriam realizar-se eleições todos os anos. E quem defenda que o que conta é que se acrescente valor aos sítios (cidades, vilas, aldeias), independentemente de quaisquer calendários. E mesmo que ninguém pareça acreditar em coincidências, o importante é que se faça.

No outono de 2016, quando se aproximava o final do primeiro mandato autárquico do PSD no século XXI, iniciado em 2013, os amarantinos viram começar obras na avenida 1º de Maio, em dois cruzamentos onde o trânsito era regulado por semáforos: os chamados cruzamento de Santa Luzia e dos Bombeiros.

Daquelas obras resultariam duas rotundas, que viriam a mudar completamente o trânsito naquela zona da av. 1º de Maio, até à sua entrada em funcionamento diariamente congestionado, sobretudo ao início da manhã e ao final da tarde, quando a circulação de transportes escolares mais se faz sentir (recorde-se que, nas proximidades, se situam a Escola EB 2,3 e a Escola Secundária).

A construção daquelas rotundas com eleições à porta não foi, por certo, “mera coincidência”, mas nada disso importa a quem viu os seus problemas de trânsito resolvidos. Por isso, haverá idêntica perceção para as obras agora em curso no cruzamento das Murtas, onde também os semáforos darão lugar a uma rotunda, solução que, no passado recente, foi menosprezada e constituiu mesmo um tabú para a governação da altura.

A rotunda das Murtas

A exemplo do que aconteceu nos cruzamentos de Santa Luzia e dos Bombeiros, é crível que a nova rotunda resolva a maioria dos estrangulamentos atuais de trânsito naquela zona, facilitando, desde logo, a circulação dos transportes escolares para e do Colégio de S. Gonçalo. E permitirá, a quem circula na av. 1º de Maio no sentido de Padronelo, o acesso direto à avenida 25 de Abril, sem ter que se deslocar à Rotunda da Vinha, o que não é uma conquista de somenos.

Decisiva para a zona ribeirinha de Amarante, em termos de trânsito automóvel, de circulação de peões e de estacionamento, parece ser a intervenção que está a ter lugar na av. Alexandre Herculano, uma obra há mais de duas décadas reclamada, mas que, em continuidade, até, da remodelação do Arquinho (Largo Conselheiro António Cândido) nunca houve a coragem de lançar.

Estas duas últimas empreitadas, incidindo sobre problemas viários e de mobilidade, vão, também, ter reflexos ao nível de infraestruturas, designadamente de redes de água e saneamento.

Cineteatro e Casa da Memória

Embora com projeto ligeiramente diferente do que foi proposto em 2011 (falta, designadamente, o fosso para Orquestra), decorrem há cerca de um ano as obras no Cineteatro de Amarante, cuja conclusão foi anunciada para março de 2021.

Ao ritmo a que as obras avançam, não é, agora, expectável, que isso vá acontecer, mas a reabertura daquela sala, quando tiver lugar, será, por certo, um acontecimento que fará subir a auto-estima dos amarantinos, muitos dos quais assistiram ali ao seu primeiro filme, ou viram o seu primeiro espetáculo.

A avançar está, também, a “Casa da Memória”, a partir da ruína do Solar dos Magalhães, cuja construção reconfigurará a zona central de Santa Luzia e dotará a Amarante de um novo equipamento.

O valor das obras em curso na cidade ascende, neste momento, a mais de 10 milhões de euros (Cinema, 4,8 milhões; Casa da Memória, 3,0 milhões; av. Alexandre Herculano, 460.000 euros; Rotunda das Murtas, 1ª fase, 292 mil euros), se juntarmos às empreitadas promovidas pelo Município o restauro da Igreja de S. Gonçalo, no valor de 2,2 milhões (a Câmara comparticipa com 250 mil de euros). É caso para dizer que “Amarante está um estaleiro”.

No melhor pano…

Quando concluídas as obras em curso, aferir-se-á com propriedade da sua real importância no dia-a-dia dos amarantinos e o que se espera é que dos seus (prováveis) benefícios não fique excluído nenhum cidadão. Dito de outro modo, espera-se que os projetos que estão na sua origem tenham, também, sido pensados em função dos cidadãos com necessidades especiais, designadamente daqueles que têm mobilidade reduzida e que devem poder usufruir do espaço público do mesmo modo que os cidadãos ditos ”normais”.

Isto é: sem barreiras arquitetónicas; sem passeios cuja altura impeça a travessia de passadeiras; com rampas transponíveis e, por isso, com inclinação até 10 por cento; com equipamentos de apoio (como casas de banho) acessíveis; com sinalética entendível e adequada.

A intervenção no viaduto do Campo da Feira manteve a passadeira inacessível a deficientes motores.

O que, a este propósito, (não) foi feito pelo Município (dono da obra) no viaduto do Campo da Feira, é simplesmente lamentável. Numa intervenção que ali teve lugar, foi mudando o pavimento e procedeu-se (e bem) à drenagem das águas pluviais. Mas ninguém se lembrou de rampear os passeios na zona da passadeira (que lá está, pintada de novo), tornando-a acessível a deficientes. E assim, é impossível a qualquer cidadão com mobilidade reduzida que se faça transportar em cadeira de rodas atravessar a rua. Esta obra é, por isso, discriminatória, fere a dignidade dos cidadãos deficientes motores e deveria fazer corar de vergonha quem a planeou.

E este é daqueles casos em que nem se pode dizer que foi uma questão de orçamento. Rampear os passeios teria custado “meia dúzia de euros”!

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