Na agenda de Amarante voltam a ter relevo os grandes eventos que, durante dois anos, a pandemia impediu que se realizassem. Todos, menos um: o MIMO não vai acontecer. Mas já lá vamos!
O “mote” para o chamado regresso à normalidade foi dado, esta Páscoa, nas paróquias de Amarante, com a saída do compasso para as visitas pascais, também elas interrompidas na primavera de 2020. Não se beijou a cruz, mas houve alecrim e rosmaninho, banda de música, na cidade, e até o cabrito e o pão-de-ló tiveram o gosto da Páscoa de 2019.
Sem máscara, fomos à Festa do Livro, festejámos o 25 de Abril e, dentro de dias, teremos o regresso de um dos grandes eventos do calendário de Amarante: a Feira dos Doces Conventuais, que voltará aos claustros do Convento de S. Gonçalo a 13, 14 e 15 de maio.
Menos de um mês depois, no fim de semana de 3, 4 e 5 de junho, são as “Festas de Junho” que estarão de volta. Sem restrições, grandes como sempre, embora este ano sem as “marchas populares” que costumam animar a noite de domingo, por falta de tempo para as preparar.
A 17, 18 e 19 de junho celebrar-se-á o vinho verde com o UVVA – Universo do Vinho Verde Amarante, que voltará aos claustros do Convento de S. Gonçalo.
Um dos mais icónicos eventos dos últimos anos, a Feira à Moda Antiga, acontecerá na baixa da cidade a 24, 25 e 26 de junho e, no primeiro sábado de julho, tem lugar a Festa Amarantina, porventura a mais sui generis manifestação de bairrismo cultural do Município, que vive do no sense e de um programa que não existe. A 8 de julho, quando se evoca a elevação de Amarante a cidade volta a realizar-se a “Idade de Ouro”, que celebra os mais idosos.
Junho, julho e agosto trazem festas e romarias, que começam com o Santo António, S. João e S. Pedro, com a maioria das freguesias do concelho a celebrarem os seus padroeiros. A 20 de agosto, sábado, acontecerá, pelas ruas da cidade, o Desfile dos Diabos, com queimada final no Largo de S. Gonçalo ou no Parque do Ribeirinho.
O MIMO que não haverá
Dos grandes eventos que nos últimos anos integraram o calendário de Amarante, um há que o mês de julho não vai trazer: o MIMO, iniciado em 2016, e cuja última edição aconteceu em 2019. Um ano antes, o Município garantia a realização do Festival até, pelo menos, 2021. Não se tendo realizado nem em 2020, nem o ano passado, os fãs do MIMO (que, se transformados em espectadores, eram, pelo menos, 80 mil em 2019, segundo números da Câmara de Amarante), têm um crédito de duas edições.

Mas, então, porque é que não há MIMO, este ano?
AMARANTE MAGAZINE perguntou isso mesmo à Câmara de Amarante, por e-mail, em 16 de abril, mas, até ao fecho deste artigo, não nos havia chegado qualquer resposta. No final de julho de 2021, ante a possibilidade de esta situação vir a acontecer (não haver MIMO em 2022), questionámos o Município (aqui), cuja assessoria de imprensa nos enviou a seguinte declaração:
“Tal como referido e amplamente divulgado, o Município de Amarante mantém o interesse na realização do MIMO Festival, como demonstrado desde o primeiro momento. O MIMO Festival é parte de Amarante desde 2016 e esperamos que, logo que superada a situação pandémica, seja possível apresentar as próximas edições.”
Pois bem. A situação pandémica é a que conhecemos, permite as Festas de Junho, logo também permitiria a realização do MIMO.
Lu Araújo, produtora do MIMO, que também questionámos, achou por bem não se pronunciar, nesta fase, recordando que a sua empresa (Memories and Heritage) e a Câmara de Amarante mantêm um litígio em Tribunal, que remonta a 2020. Referiu, apenas, que, independentemente do desfecho final que vier a ser operado na justiça, “não há clima com a Câmara de Amarante”.
Ou seja, as posições ter-se-ão extremado, ao ponto de o diálogo ser, agora, muito difícil entre as partes (ler aqui).
Entretanto, a 3 de abril, Lu Araújo publicou um post na sua página do Facebook em que afirmava: “Aguardem, esse ano o MIMO vem com força, no Brasil e em Portugal!”. Não referindo Amarante, mas sim Portugal, a afirmação foi interpretada como podendo Lu Araújo estar a negociar a realização do MIMO noutra cidade portuguesa, algo que, de resto, havia já admitido anteriormente (ler aqui).
AMARANTE MAGAZINE confirmou a existência dessa possibilidade, tanto mais que Lu Araújo insistirá em “ter uma operação MIMO na Europa”. De resto, a cidade do Porto foi a primeira hipótese que em 2015 considerou para a realização do MIMO, só depois avançando para Amarante (ler aqui).
Já agora, a não haver MIMO este ano (como tudo indica que irá acontecer), os amarantinos – cidadãos e contribuintes – mas também setores económicos como os da hotelaria e restauração, merecem uma palavra que tarda em ser dada. O peso daquele evento na economia local era significativo, e o MIMO foi assumido, mesmo, pelo Executivo Municipal, como uma opção estratégica de grande importância, que, de resto, o seu Presidente fez questão se salientar no discurso de tomada de posse, em outubro de 2017, quando referiu: “(…) Amarante está hoje mais dinâmica e mais atrativa. Volta, a seu tempo, a ser a Princesa do Tâmega e uma referência na cultura, onde já se posicionou de forma central na região e conseguimos dar uma dimensão nacional e internacional à nossa cidade e às personalidades da nossa terra, elevando a nossa atividade à agenda nacional e de que o MIMO Festival é o seu expoente máximo” (disponível aqui).
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