Castanheiros: como insetos “bons” combatem insetos “maus”

Foto de Kyle Killam, no Pexels.

O combate traduz-se numa luta biológica que passa pelo uso, em grande escala, de um inseto parasitoide, (“Torymus sinensis”), no combate à vespa das galhas, esse inseto nefasto, originário da China e que se vem propagando, nas últimas décadas, pelos territórios do planeta produtores de castanha.

Segundo os números do INE, Portugal produziu em 2020 perto de 42 mil toneladas de castanha, sendo que 85% está localizada em Trás-os-Montes. Desde 2014, porém, uma nova praga, conhecida por “vespa da galha do castanheiro”, começou a invadir os soutos, temendo-se de início que as perdas na produção pudessem atingir os 80%, o que constituiria uma séria ameaça à sustentabilidade do setor.

José Gomes Laranjo, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e também presidente da Associação Portuguesa da Castanha – RefCast, lidera uma equipa de investigadores e técnicos que está a implementar no terreno as medidas de que a Ciência dispõe para combater este flagelo no âmbito do projeto “BioVespa”. O combate traduz-se numa luta biológica que passa pelo uso, em grande escala, de um inseto parasitoide, “Torymus sinensis”, no combate à vespa das galhas, esse inseto nefasto que tem a denominação científica de “Dryocosmus kuriplilus”, originário da China e que se vem propagando, nas últimas décadas, pelos territórios do planeta produtores de castanha.

Esta vespa deposita os seus ovos nos gomos do castanheiro durante julho e agosto, tornando-se na primavera seguinte visíveis através do aparecimento das galhas, que são pequenos invólucros com as larvas no interior. Este ciclo está agora a ser combatido com a largada dos insectos “bons” nos meses de abril e maio que, ao propagarem-se no mesmo espaço, vão parasitar as larvas existentes no interior das galhas, travando a formação de novas vespas.

Segundo José Gomes Laranjo, no âmbito do programa Biovespa “a luta biológica de combate à vespa foi já realizada em 116 municípios, situados não apenas em Trás-os-Montes e Douro, mas também nos distritos do Minho, Beiras, Douro Litoral, para além da região da Madeira, estimando-se abranger uma área de castanheiro de mais de 25 mil hectares”. Nesta campanha, assinala o investigador, “foi realizado um total de 3183 largadas de parasitóides, sendo que a monitorização que tem vindo a ser efetuada demonstra atualmente que o parasitoide está instalado em todos os municípios abrangidos”, restando agora aguardar que as suas populações se multipliquem, cresçam de forma a dominar a vespa. Como refere o investigador, “agora é a sua vez” de fazer tudo bem feito no souto.

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