Igreja velha de Gondar “é bonita de se ver”!

Igreja do Mosteiro de Gondar (Foto AM).

Após um longo período de profunda degradação, a antiga igreja de Gondar, no lugar de Mosteiro, renasceu praticamente dos escombros em sucessivas intervenções realizadas a partir dos anos 80 do século XX. Integrado na Rota do Românico desde 2010, o antigo templo, intimamente associado à fundação da própria freguesia, é, hoje, cuidado e zelado por Manuel Pinto, vizinho a meias portas, que recorda a ruína que a igreja já foi, ao longo de muitos anos.

“Ainda me lembro de ver esta igreja sem telhado, uma autêntica ruina” diz a AMARANTE MAGAZINE o antigo serralheiro de 75 anos, natural do lugar de Mosteiro e um de cerca de quatro dezenas de “cuidadores do património” da Rota do Românico.

Na sua maioria vizinhos dos equipamentos integrados no itinerário cultural, estes cidadãos “zelam e acarinham os monumentos, constituindo uma inestimável memória viva do local”, explica o projeto, no seu portal.

Manuel Pinto explica que divide as várias tarefas com a sua esposa, Emília, nomeadamente na manutenção geral do interior do edificio, bem como na receção a visitantes, sob as instruções e aviso prévio da Rota do Românico.

Manuel e Emília são zeladores da Igreja do Mosteiro de Gondar (Foto de Paulo A. Teixeira).

Conhecida localmente como “Igreja Velha”, o templo consiste num edifício monástico de traça românica que integrou um mosteiro feminino fundado por Mem Gundar, cavaleiro e rico-homem que veio para Portugal no final do século XI, com o conde D. Henrique de Borgonha.

Depois da extinção da abadia feminina, em 1455, funcionou como igreja matriz de Gondar e foi casa da icónica figura localmente conhecida como Nossa Senhora da Cadeira até 1904, quando estas funções passaram para uma nova igreja, construida no centro da freguesia.

Agora propriedade privada, esta estrutura passou por um período de profunda degradação da qual só começaria a recuperar depois de 1978, com a classificação de Imóvel de Interesse Público.

Na década seguinte, a pequena igreja, que passou para o do. X mínio público, foi alvo de uma série de obras de requalificação que devolveram ao edifício a sua integridade.

Desde que passou a integrar a Rota do Românico, a antiga igreja de Gondar foi alvo de novas intervenções de conservação, nomeadamente nas coberturas, portas, janelas e da pintura mural do altar-mor, entre outros.

Atualmente, o edifício acolhe no seu interior várias peças em granito, nomeadamente fragmentos de pedra tumulares, uma pia de água benta e uma escultura, em barro, de São Francisco de Assis criada por um grupo de artesãos locais.

Apesar de não ter praticamente funções paroquiais, o templo acolhe, ocasionalmente, um casamento ou batizado “por pedido” e com “o consentimento do padre da freguesia”, explica ainda Manuel Pinto.

“Também se celebra aqui a missa de Páscoa, porque nesta localidade observamos o feriado à segunda-feira”, adianta. E acrescenta: “É uma obra bonita de se ver, sinto muito orgulho do que se fez e de como a igreja está, hoje. Vêm aqui muitas pessoas, umas de perto, outras de longe, que elogiam a simplicidade, o enquadramento e também a sua beleza”.

Nota: este artigo foi publicado originalmente na edição em papel número 38 da revista AMARANTE MAGAZINE (Inverno 2024).

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