O pintor Jorge Marinho disse, no sábado, na Casa da Granja, que pretende chamar a atenção da sociedade para a violência doméstica com a sua exposição “Paredes de Estuque”, sublinhando que este problema “ganhou terreno” na sociedade portuguesa porque se tornou natural “quando as pessoas deixaram de ouvir o que se passava na casa dos outros”.
A exposição de pintura, inaugurada no sábado, marca o regresso do artista à Casa da Granja, em Amarante, onde, em junho, apresentou um livro de banda desenhada, atualmente nomeado a vários prémios nacionais.
Licenciado em Artes Plásticas pela Universidade do Porto, Jorge Marinho é especializado em técnicas de impressão, escultura, modelismo e desenho do corpo.
“Não é fácil, porque a vítima muitas vezes protege o agressor, são situações difíceis e complicadas”, afirmou o artista na inauguração da exposição, na tarde de sábado, na Casa da Granja.
A mostra, composta por 17 quadros em técnica mista, foi realizada durante a paragem forçada pela pandemia da covid-19, em 2020, tendo estado presente em várias salas, nomeadamente na Bienal de Gaia.
O projeto aborda a violência doméstica partindo de ditados e aforismos que, segundo o artista, “naturalizaram” o tema na sociedade.
“Entre marido e mulher, não se mete a colher” e “Não és minha, não és de ninguém” são várias das frases que Jorge Marinho usou para inspirar imagens que pretendem, sobretudo, relançar o debate sobre o tema.
“Nos meus quadros, não pretendo causar o choque, mas sim falar sobre a violência doméstica de forma a que as pessoas, com tempo, vão identificando o que está lá”, afirmou. E acrescentou:
“Não é algo que se resolva de um dia para o outro, é cultural. O que estou aqui fazer é um contributo, uma chamada de atenção à sociedade para que comece a ser natural falarmos sobre a violência doméstica”.
A exposição “Paredes de Estuque” está patente nos espaços de exposições temporárias da Casa da Granja até 25 de novembro.
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