Presidente da Câmara elogia festival, mas não se compromete com edição 2026. “O festival MIMO contribui para a afirmação do concelho como destino de cultura, criatividade e partilha. (…) Para além da dimensão cultural, o festival tem um impacto relevante na valorização turística e social do território, na media em que traz visitantes de diferentes origens, dinamiza a economia local e reforça a centralidade de Amarante no panorama cultural”, garantiu Jorge Ricardo.
Realizado a 18, 19 e 20 de julho, O MIMO AMARANTE voltou a superar as melhores expectativas e mobilizou uma multidão de fãs de música e cultura para mais três dias inesquecíveis junto às margens do Tâmega. Milhares de amarantinos aproveitam estes dias para receber vizinhos, amigos, fãs de muitos outros pontos do país, imigrantes, emigrantes, turistas, estudantes… ou simplesmente quem passa e aproveita para parar e viver o festival.
Como tem lembrado Lu Araújo, fundadora e diretora do MIMO Festival: “realizar um festival gratuito com essa dimensão nos dias de hoje é um verdadeiro ato de resistência e compromisso com a cultura. Acreditamos na arte como ferramenta de transformação social — e é isso que nos impulsiona a seguir em frente, com o mesmo entusiasmo de sempre.”
Jorge Ricardo, presidente da Câmara Municipal de Amarante, sublinha que “o festival MIMO contribui para a afirmação do concelho como destino de cultura, criatividade e partilha. E, salienta que, enquanto Cidade Criativa da UNESCO na categoria Música, “Amarante tem a responsabilidade de proporcionar experiências diferenciadoras e enriquecedoras, e o MIMO é um exemplo claro desse compromisso, na media em que democratiza o acesso à cultura e transforma os nossos espaços públicos, monumentos e ruas num ponto de encontro de culturas, saberes e sonoridades.” O autarca destaca ainda que, “para além da dimensão cultural, o festival tem um impacto relevante na valorização turística e social do território, na media em que traz visitantes de diferentes origens, dinamiza a economia local e reforça a centralidade de Amarante no panorama cultural.”
Porém, apesar do reconhecimento das muitas virtudes do MIMO Festival, o autarca não refere, nunca, nas suas declarações, que, em 2026, voltará a haver MIMO em Amarante. As duas últimas edições (2024 e 2025), recorde-se, foram impostas pelo Supremo Tribunal Administrativo, que condenou a Câmara Municipal, por incumprimento contratual, a retomar a realização do festival.
À hora do fecho da edição 2025 do MIMO Amarante, Lu Araújo desconhecia se, para o ano, o seu festival voltaria a Amarante. “Fizemos o nosso melhor, esta edição foi das melhores de sempre e veremos. Uma coisa é certa, disse, o MIMO não sairá de Portugal”.
A edição deste ano do Festival ofereceu mais de 60 atividades ao longo de três dias, numa programação verdadeiramente transcultural — que incluiu concertos e DJ sets com artistas de treze nacionalidades, de Portugal à Palestina, passando por Brasil, Reino Unido, México, Espanha, , Senegal, EUA, Venezuela, Argentina, França, Gâmbia e Cuba.
Este MIMO também apresentou palestras, workshops, oficinas, cortejos, sessões do MIMO Bem-Estar, MIMO para Crianças e percursos culturais, ocupando palcos, ruas, parques, igrejas, praias fluviais e recantos da cidade, num verdadeiro mergulho sensorial e comunitário.
Fiel à sua vocação cosmopolita, o MIMO FESTIVAL AMARANTE 2025 apresentou uma edição ainda mais global, inclusiva, arrojada e plural, com propostas que atravessam fronteiras e estilos. Entre grandes nomes consagrados e talentos emergentes, o festival ofereceu um retrato dinâmico do que de mais relevante e inovador se faz na música contemporânea, tanto em Portugal como no resto do mundo.
O MIMO voltou a deixar muito claro que, mais do que um festival, é um encontro de culturas, gerações e ideias, que transforma a cidade num palco vivo, celebrando a diversidade cultural e a criatividade em todas as suas expressões… gratuito, vibrante e transformador. Uma celebração da música, da cultura e da partilha que promete ficar na memória de todos.

Pormenor da edição 2025 do do MIMO Festival (a@the.unphoto).
SOBRE O MIMO FESTIVAL
Com 61 edições realizadas em 14 cidades, o festival já atraiu mais de dois milhões de pessoas apaixonadas por arte e expressões sonoras de diversas partes do mundo. Sempre com entrada gratuita, o MIMO oferece uma experiência transformadora e acessível, que vai além do palco.
O MIMO é um festival multipremiado nos lados do Atlântico. No Brasil já conquistou três galardões nos Brasil Design Awards (em 2018, Bronze em Cenografia, Design de Ambientação; em 2019, Prata em Cenografia, Design de Ambientação e Bronze em Comunicação Visual, e, em Portugal, dois galardões nos Iberian Festival Awards, para a Melhor Infraestrutura, em 2018 e em 2019.
O MIMO Festival faz da música uma ponte entre culturas e gerações — uma travessia que o levou a ecoar também na Europa. Ocupa cidades de valor histórico, transformando ruas, praças, igrejas, museus e lugares únicos — típicos, inusitados ou quase secretos — em espaços abertos a múltiplas manifestações artísticas, da música ao cinema, dos debates às oficinas e workshops que celebram a diversidade cultural em toda a sua potência.
O MIMO transcende o formato tradicional de festival — esse é seu grande diferencial. Espaços históricos ganham novos usos como cenário para criações contemporâneas. Nesse encontro entre passado e presente, preserva a memória cultural, estimula a criatividade urbana e transforma a música em instrumento de inclusão, aprendizado e
descoberta. Multigénero por natureza, cruza tradições e vanguardas, combina linguagens populares e eruditas, e abre espaço para sonoridades originais e propostas pouco convencionais, proporcionando ao público descobertas que dificilmente faria fora dessa vivência. No MIMO, a música é o que conecta…, a cultura…, o que transforma.
Nascido em Olinda, o MIMO Festival percorreu um impressionante e desafiador caminho por cidades como Recife, João Pessoa, Ouro Preto, Paraty, Tiradentes, Rio de Janeiro, São Paulo, Itabira, Serra e São Francisco do Sul. Em 2016, iniciou sua trajetória internacional com edições em Amarante, Portugal — marco na expansão além das fronteiras brasileiras. No ano seguinte, chegou ao Reino Unido, levando sua programação a Glasgow, na Escócia. Em 2025, dará mais um passo significativo ao se tornar parceiro do Jazz in Marciac — um dos festivais de jazz mais prestigiados do mundo — no âmbito da Temporada Cruzada Brasil-França / Saison Croisée France-Brésil 2025. A parceria reforça sua projeção internacional e consolida o MIMO como elo de intercâmbio artístico e cultural de alto nível, mantendo viva a essência brasileira que o originou.
Cerca de quatro mil músicos já passaram pelo MIMO Festival, protagonizando mais de 600 concertos memoráveis que marcaram gerações. Entre os nomes que integraram a programação estão Herbie Hancock, Pat Metheny, Buena Vista Social Club, Chick Corea, Egberto Gismonti, Philip Glass, Tom Zé, Salif Keita, Gilberto Gil, Teresa Salgueiro, Maria João Pires, Richard Bona, Emir Kusturica, Oumou Sangaré, Jacob Collier, Richard Galliano, Rui Veloso, Mayra Andrade, McCoy Tyner, Hermeto Pascoal, Goran Bregović, Hamilton de Holanda e Ibrahim Maalouf. Além das apresentações, artistas compartilham suas experiências em sessões de cinema, workshops e debates, ampliando o alcance e promovendo uma intensa troca cultural com o público.
O MIMO é um festival singular no panorama cultural global, por sua capacidade de descentralizar a cultura e levar, de graça, uma programação de excelência a cidades muitas vezes fora dos grandes circuitos. Movimenta a economia local e regional, impulsiona o turismo e fortalece o vínculo das comunidades com sua própria identidade, promovendo acesso e inclusão.
A existência e a continuidade do MIMO Festival só são possíveis graças a parcerias sensíveis ao seu conceito e comprometidas com o acesso à cultura. Sejam instituições públicas ou agentes privados, são esses parceiros que reconhecem o valor transformador da arte e tornam viável a realização de uma programação cultural de impacto, gratuita e inclusiva, em diferentes territórios.