Seria desta?
Ainda só era o segundo dia do desafio e a vontade de desistir já era tanta…mas tanta! Mas se havia uma coisa que sabia é que era obstinada! Não era mulher de deixar assuntos pela metade!
Saiu decidida a resolver um episódio já antigo e que a consumia a cada verão. “Este ano vai ser diferente!” Ai mulheres que nos vemos aflitas com estas gordurinhas a mais que não nos largam no inverno. Apenas se escondem nas roupas pesadas e confortáveis mas tal como a natureza se renova, também o nosso corpo fica mais exposto com a chegada dos primeiros raios de sol. Começa a cheirar a praia e logo na cabeça nos surgem os fatos de banho que ditam as tendências. Contudo, os corpos que teimam em não caber nos modelos mais pequenos!
A missão estava delineada: caminhadas, mais cuidado com a alimentação e abdominais tirados a ferro. Seria desta?
Sem medo nem culpa
Abraçar, mais e mais, apertar com tanta força que até mais parece que nos vamos esmagar…é tão bom, não é?
As saudades já são tantas…e beijar, acariciar, sem medo nem culpa? Ui…parece que já nem reconhecemos ao que sabem e como nos fazem bem!
Sentimo-nos desajeitados nos gestos e atrapalhados nos sentimentos! Uma sensação que muitos de nós jamais julgavam poder sentir e da qual nos queremos ver livres o mais rápido possível!A pergunta que muitos de nós agora faz é se ainda vai ficar tudo bem, se vamos voltar à normalidade e se vamos saber lidar com as emoções. Sim, já pensaram onde vão arrumar as emoções depois da tempestade passar?
Para lá dos limites…
Desde que tinha sido mãe, a felicidade crescera de forma desmedida! O medo, porém, disparara para lá de todos os limites!
Medo de não saber, medo de não conseguir, medo de não ser capaz, medo de não acompanhar, medo de…(parou uns segundos, respirou fundo e por fim, escreveu) medo de perder!
Todas as noites, sempre que lhe cantava músicas de embalar, contava histórias e enquanto rezava…um misto de emoções invadiam o pensamento sem pedir permissão e permanecia por mais tempo que o desejado! Se, por um lado, agradecia a Deus por lhe ter permitido ser mãe, por outro lado, sabia que estava mais exposta que nunca ao sofrimento, à dor…ao medo imensurável!
O coração transborda de amor…mas fica pequenino e apertado, não é verdade?
Peças soltas…
Há dias em que quando acordamos estamos feitos em cacos…hoje é o dia!
Será que a vida é feita de peças soltas em que precisamos de doses generosas de sabedoria para lidar com os desafios? Dias que são como um teste aos nossos limites e paciência!
Será a vida um puzzle que temos de montar com muito cuidado e paciência, sempre com aquela ansiedade de chegar ao fim, deixando uma peça sozinha?
A caminho do trabalho, momento privilegiado para organizar as ideias e colocar as tarefas por ordem de prioridade, Catarina recordava o momento em que decidiu ser médica!
O dia tinha tudo para ser igual a tantos outros, Catarina era ainda adolescente e ainda não tinha conseguido decidir o que queria ser quando fosse grande. A eterna questão que tanto baralha os alunos, sobretudo, no fim do 9º Ano, momento em que têm de começar a dar os primeiros passos até à profissão no futuro. O futuro, sempre o futuro, esse “ser” longínquo que tem a capacidade de perturbar o nosso presente. Caminhava até à escola com os seus pensamentos, quando, de repente, do outro lado da rua, viu um colega da turma sofrer uma queda fatal. Foi ali, naquele instante que percebeu que queria ser médica.
Sem dar por isso, já estava a entrar no seu consultório e à sua espera já estavam os pais do João e o pequeno João, claro. Era uma consulta determinante que iria ajudar os pais daquela criança a encontrar a peça solta de que procuravam há meses sem fim!
Será que o pequeno João sofria de Síndrome de Williams? Seria esta a causa das dificuldades em se alimentar, que o levavam a ficar irritado com muito frequência? Teria descoberta a peça solta que ajudaria a explicar as crises do choro do João?
Recostou-se suavemente na cadeira, abandonou as memórias longínquas e falou com os pais…