A União de Freguesias de Amarante entregou, em cerimónia que decorreu na sede do Agrupamento de Escolas de Amarante, o prémio referente ao concurso de Literatura Infantojuvenil Ilídio Sardoeira, edição 2021, cuja vencedora foi a escritora Soni Esteves, que concorreu com o conto “A que sabe o Mar”.
Na ocasião, foi, também, feita a entrega da obra a todos os estabelecimentos de ensino do Município, públicos e privados, frequentados por alunos dos 4º, 6º e 9º anos, contemplados, cada, com um exemplar de “A que sabe o Mar”.
“Este prémio nasceu em 2019 na sequência de outra iniciativa – a Festa do Livro. Ambas foram apostas claras do executivo que hoje cessa funções e ambas se pautaram, sempre, única e exclusivamente por critérios culturais, educacionais e humanos; com elas procurou-se ajudar a divulgar a literatura e a disseminar o hábito da leitura e da escrita. E procurou-se, simultaneamente, constituir um complemento do esforço que diariamente é levado a cabo pela escola e pelas Bibliotecas. Este prémio vem, por isso, no seguimento de muito trabalho feito na divulgação de livros infantis e juvenis”, disse Joaquim Pinheiro, Presidente cessante daquela autarquia.
E sobre Ilídio Sardoeira, o Patrono do PLI: “Este prémio tem por patrono um ilustre amarantino que foi de facto um mestre, na plena aceção da palavra. Um homem de invulgar estatura moral e intelectual, onde imperava a simplicidade, a afabilidade do trato, a inteligência, a cultura e a sensibilidade”.
O Prémio de Literatura Infantojuvenil Ilídio Sardoeira (PLIJ) teve como vencedoras, na sua primeira edição, Anabela Borges, no escalão A (escritores com mais de 18 anos), pelo seu conto “Os Dias pequenos”; e Maria Freitas, no escalão B (menores de 18 anos, a frequentarem estabelecimentos de ensino do concelho), com “Mudança de Estação”.
Nas segunda e terceira edições foram apenas atribuídos prémios no escalão A, tendo, em ambos os casos, sido vencedora a escritora Soni Esteves, que, em 2020, concorreu com “A casa da Avó”, cuja história veio a ser ilustrada por Joana Antunes. “A que sabe o Mar” tem ilustração de Joana Torgal.
“Prémio Ilídio Sardoeira terá sempre um lugar especial”
AMARANTE MAGAZINE pediu a Soni Esteves uma declaração sobre o Prémio de Literatura Ilídio Sardoeira. Eis o seu depoimento, na primeira pessoa.
“Senti-me muito honrada por ter recebido, uma vez mais, o Prémio Ilídio Sardoeira das mãos do Dr. Joaquim Pinheiro. Julgo que o facto de esta cerimónia ter decorrido numa escola, sede de agrupamento, é bem revelador da importância que esta terra atribui à educação, aos diretores de escola, aos seus professores e, muito especialmente, às suas crianças e jovens.
Quando há um ano venci a segunda edição do Prémio Ilídio Sardoeira, tive oportunidade de contactar, ainda que de forma virtual, com alunos do 4.º, do 6.º e do 9.º ano, e perguntaram-me então o que tinha representado para mim aquele prémio. Respondi que teve uma enorme importância, não só por ter sido o meu primeiro prémio, mas porque dele resultou um livro que foi distribuído e lido por muitos alunos. Após esse dia, já recebi mais três distinções, mas o Prémio Ilídio Sardoeira terá sempre um lugar especial na minha memória e no meu coração, pelos objetivos que o enformam.
A ideia para escrever “A que sabe o mar” surgiu há alguns anos, em 2015, quando vi, como todos vimos, aquela imagem que chocou o mundo, a de uma criança síria afogada numa praia da Grécia. Perguntei-me quem seria aquela criança, que futuro lhe teria sido negado e pensei escrever algo a partir daquela imagem que me perseguia. A ideia ficou adormecida até resolver dar-lhe a forma que encontrei neste conto. Espero que ele leve os alunos de Amarante à descoberta de outros universos de referência, outras linguagens e, sobretudo, que a sua leitura lhes dê prazer”.